Refluxo Gastroesofágico: entenda o que é e como lidar
A maioria dos bebês às vezes apresenta retorno de leite pela boca, o que muitos pais interpretam como sendo um vômito. Assim, é natural que os pais se preocupem em saber se isso é normal ou se pode estar relacionado a alguma doença.
Para começar, é preciso entender o conceito de "refluxo gastroesofágico", que é o retorno do conteúdo do estômago (no caso dos bebês, do leite) para o esôfago, por vezes, podendo chegar até a boca ou mesmo sair pelo nariz.
Isso é um evento normal, que pode ocorrer várias vezes ao dia em recém-nascidos normais, pois por imaturidade a válvula que impede o retorno do conteúdo gástrico não funciona direito (ou seja é incompetente).
Em geral, esses eventos ocorrem após as mamadas e não são acompanhados de complicações (refluxo gastroesofágio fisiológico). Algumas vezes, essa regurgitação pode sair com mais força causando o vômito.
Nesses casos, não é necessário nenhum tipo de tratamento medicamentoso, porém as chamadas "medidas anti-refluxo" ajudam a diminuir a ocorrência dos episódios
1- colocar o bebê para arrotar e segurá-lo no colo "em pé" após as mamadas por uns 15 minutos antes de recolocá-lo no berço
2- não "sacudir" o bebê quando ele estiver com o estômago cheio
3- oferecer menos leite a cada mamada mais vezes, ou seja, diminuindo o intervalo entre as mamadas
4- para as criança que não estiverem sendo amamentadas existem fórmulas anti-refluxo, que por espessarem o leite quando este chega ao estômago, dificultam seu retorno à boca
5- elevar os pés da cabeceira do berço em 10 cm ou usar um colchonete anti-refluxo, deitando o bebê sobre o braço esquerdo quando após as mamadas eles forem colocados para dormir, pois essa posição facilita o esvaziamento gástrico e dificulta o retorno do leite. Essa posição é conhecida como: decúbito lateral esquerdo elevado
6- dependendo da intensidade e frequência dos episódios o médico pode receitar um remédio para acelerar o esvaziamento do estômago
Quando as regurgitações causarem desconforto, como choro excessivo, ou prejuízos tais como perda de peso, aspiração do leite, pneumonia ou otites de repetição, podemos estar diante da "doença do refluxo gastroesofágico".
Frente a isso, a consulta com o pediatra é fundamental para que se faça o correto diagnóstico.
Nos bebês, não existem sintomas que sejam específicos da doença do refluxo, tão pouco sintomas que garantam ao médico que o bebê responderá ao tratamento.
Ainda, vale lembrar que diversas situações podem causar os mesmos sintomas da doença do refluxo, como alergia à proteína do leite de vaca, infecções, má formações do aparelho gástrico, exposição ao cigarro e outras.
Durante a investigação, pode ser que o pediatra julgue necessário solicitar algum tipo de exame.
O tratamento, no caso de doença, vai determinar a necessidade do uso de medicamentos, além das medidas não farmacológicas (anti-refluxo) vistas anteriormente. Nos menores de seis meses costuma-se associar à droga que acelera o esvaziamento do estômago, uma droga anti-ácida para diminuir a queimação causada pelo suco gástico no esôfago. Muitas vezes a causa de choro excessivo pode ser dor no peito devida a essa queimação.
À medida que o bebê cresce a válvula que impede o retorno do alimento do estômago, novamente em direção à boca, começa a funcionar melhor, diminuindo os episódios de refluxo.
Com o desenvolvimento, o bebê aprende a ficar mais tempo sentado e em pé, posições estas que ajudam o leite a ficar no estômago.
O refluxo gastroesofágico, apesar de, por vezes, desconfortável, tende a ter seus dias contados, pois com o amadurecimento da criança ele tende a desaparecer.
Fonte: Gastroesophageal Reflux: Management Guidance for the Pediatrician. 2013.